quinta-feira, 28 de maio de 2015







Olá pessoas, voltei! Como estão? Ansiosos para a resposta levantada no último post?

Espero que sim.

Mas, para os que se esquecem fácil e não se lembram do assunto do último post, vamos iniciar refrescando a memória.

        Primeiramente, no último post, foi discutido a teoria relacionada ao uso de drogas e, especialmente, ao uso de cocaína. Foi explicitado a crença da autora em relação aos ambientes condicionados, ou seja, que os contextos condicionam o uso da droga, formando o que ela chama de “occasion setting” (não se preocupem quanto a essa palavra chata e grande, ela será melhor entendida ao final desse post).
                             

         Então, hoje, irei apresentar a vocês o experimento que a autora realizou para comprovação de sua hipótese. MAS ANTES, O QUE VOCÊS ACHAM, FOI COMPROVADO OU NÃO ESSA TESE?



        Vamos ao que interessa. Para o experimento, a autora utilizou um método qualitativo, no qual 15 homens entre 24 e 40 anos participaram. MAS POR QUE HOMENS? Porque infelizmente, há uma carência no que concerne às instituições de tratamento de adictos voltadas para as mulheres, então, a autora só conseguiu selecionar homens. QUAIS ERAM OS REQUISITOS PARA SER VOLUNTÁRIO NA PESQUISA? Bom, a pessoa deveria estar abstinente da cocaína por 5 meses, devia preencher os requisitos de adiccção à cocaína, falar bem e não fazer uso de medicamentos que indicassem problemas mentais. Se encaixando nesses requisitos, os abstinentes participavam de um entrevista semiestruturada, baseada na técnica de snowball, que permite que os participantes falem abertamente da droga mesmo ela sendo ilegal. As perguntas se referiam à história da droga, aos fatores que os mantinham abstinentes, bem como aos significados atribuídos ao uso da droga (Occasion Setting), que formam as associações complexas- TESE.

        Beleza, e os resultados? Bom, em relação às características, foi constatado que a maioria tinha 35 anos, eram solteiros e tinham o segundo grau completo. Além disso, todos iniciaram o processo de adiccção com o uso da maconha, sendo essa a porta de entrada para o uso da cocaína, seja pelo prazer ou pela influência de amigos. Outro fator importante apontado é a iniciação no mundo das drogas, geralmente motivada pela curiosidade, festas e influência de terceiros. Ademais, a maioria dos jovens relataram o uso da cocaína como responsáveis por uma auto estima baixa, marcada por sentimentos tais como, fracasso e inabilidade de resposta, que só reforça o uso compulsivo para melhorar tais sentimentos. Com relação à motivação para sair das drogas, muitos atribuíram a Deus, além de afirmarem que recaídas geralmente se dão pela bebidas e pelos amigos.

O efeito de bem estar da cocaína


        Agora, em relação a tese, a maioria afirmou que passar por lugares que relembre a droga, pode condicionar o seu uso. Todavia, você pode realizar o contrário, através de um bloqueio, por exemplo, lembrando das coisas negativas que a droga já te proporcionou, impedindo assim o uso condicionado da droga.


        Mas a autora não se deu por satisfeita com tais informações superficiais. Então fez um estudo de caso com om homem, de 22 anos e com o primeiro grau incompleto, chamado ficticiamente de K. Ela utilizou o método comportamental cognitivo, método esse que foi trabalho no post anterior.  O que ela captou de tal teste foi a comprovação de sua tese. Segundo K, quando ele passava pelo bar, onde costumava usar a cocaína financiado por um amigo, sentia vontade e usava a droga, comprovando assim a tese que os ambientes condicionados podem incentivar o uso da droga. Entretanto, aparece um fato nessas associações que é o objetivo de toda a terapia: DIMINUIR A INFLUÊNCIA DESSAS ASSOCIAÇÕES COMPLEXAS, ATRAVÉS DE BLOQUEIOS. HAM? NÃO ENTENDI.

        Simples: o adicto tem que aprender a discriminar tais associações que podem o levar ao uso da droga, através de bloqueios cognitivos que o façam repudiar o uso. Por exemplo: o K passou no bar e sentiu vontade de usar a droga, mas se ele lembrar de tudo que a droga já lhe proporcionou, como a perda da namorada, ele bloqueará a ação do ambiente condicionante.
Legal, né? 




            Ou seja, os "occasions settings" podem ser utilizados de forma a bloquear às associações complexas relacionadas ao uso da droga, diminuindo assim a adiccção e os problemas decorrentes dessa. 

                   
               
Referência: Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

As drogas e sua relação com o Ambiente


Oi amiguinhos, tudo bem?

        Então, hoje iremos falar sobre algo muito interessante, mas ao mesmo tempo preocupante em nosso país: O USO DE DROGA.

O que você sabe a respeito da cocaína no Brasil? E do Crack?

        Então, para iniciar, aqui embaixo há um vídeo acerca da famosa Cracolândia do Brasil, que se localiza na cidade do São Paulo. Nesse lugar, adictos ao crack (de todas as idades) se encontram e compartilham do vício, sem restrições e medos.

  
   Bom, mas o que leva tais pessoas a se tornarem viciados e dependentes deste derivado da cocaína? É isso exatamente o objetivo desta postagem: mostrar como diversos teóricos atribuem à origem da adicção ao mundo das drogas. Antes de mais nada, vamos relembrar o que os textos passados nos ensinaram: A VARIÂNCIA DOS SERES HUMANOS É UM FATOR DETERMINANTE DE COMO CADA SITUAÇÃO DEVE SER ATRIBUÍDA AO CONTEXTO E DE QUE RÓTULOS NÃO SÃO CAPAZES DE EXPLICAR COMPORTAMENTOS. Logo, são trabalhados no texto em questão tais conceptos, no que para a autora, a interação dos organismos, ou seja, o contexto pode definir o vício das drogas.
                                

   Alguns teóricos afirmam que a adicção está ligada à fatores culturais e sócias, outros já acreditam que a estrutura familiar está no cerne do vício, MAS NO QUE ACREDITAR? Foi por isso, que decidiu-se estudar pessoas abstinentes de cocaína, onde foram percebidos os chamados “occasion settings” que seriam as significações dadas pelo adicto, formando uma rede de associações. Mas isso será melhor entendido na próxima postagens, onde detalharei o experimento e seus resultados.

   Mas o que importa agora é entender que a adiccção NÃO É UM FENÔMENO ISOLADO e sim resultado DAS INTERAÇÕES E ASSOCIAÇÕES DO ADICTO.

   Agora voltemos ao contexto brasileiro, que vem sofrendo um aumento significativo no uso de drogas, principalmente de crack, derivado da cocaína, que acabou por popularizá-la, por ser mais barato e mais fácil de encontrar.
Aumento do Consumo de Crack no Brasil, por Regiões. 

   Mas quais são os efeitos desta droga tão popular em nosso país? Quando a pessoa usa crack, ela se sente eufórica, hiperativa, que causa um relativo aumento na pressão sanguínea. Mas por que tantas pessoas se tornam viciadas? Quando consumimos cocaína ou crack, facilmente nos tornaremos adictos, pois o uso desses fomenta o chamado craving, ou seja, o uso compulsivo. A particularidade da cocaína são os seus efeitos positivo-negativo. PERA AÍ, AGORA NUM ENTENDI NADA! Calma, funciona assim: quando a pessoa consome cocaína, essa provoca uma sensação de bem estar e prazer, todavia tal efeito se finda quando a droga perde seu efeito, gerando agora sensações desagradáveis, que faz com que as pessoas comprem e usem mais e mais.


   Logo, tais pessoas estarão propensas a se tornarem tolerantes à droga. Ou seja, elas aumentarão as quantidades de drogas, para sentirem o mesmo prazer que sentiam com pouca. E isso, consequentemente, pode levar à drogadiccção, onde a pessoa não possui mais controle da ingestão da droga.

   Mas agora vem a parte mais legal de tudo: essa drogadicção, como eu falei no início, está ligada a um fator condicionante, ou seja às associações. Por exemplo, durante alguns estudos, foi percebido que o consumo de drogas é diferentes em cada dia da semana, e o que isso quer dizer? QUE O CONSUMO DE DROGAS É DETERMINADAS PELO CONTEXTO. MAS, QUE CONTEXTO É ESSE, FLÁVIA? Para explicar, vamos exemplificar: Uma pessoa que está em processo de abstinência de drogas passa perto de um lugar que ela costumava usar a droga, isso pode facilmente levar ao consumo de drogas. Ou seja, A (consumo de drogas) é reforçado quando precedido de B( contexto: passar por um lugar que remeta à droga). Este pensamento é conhecido como Condicionamento Pavloviano.
O experimento de Pavlov sobre a salivação dos cachorros quando estimulados pelo som.
             
   Dado isso, algumas teorias tentaram explicar como se daria a terapia para pôr fim à dependência química. Primeiramente, temos a Teoria Psicodinâmica, que acredita na adicção como um fator condicionada por um conflito de EGO. Então, para eles a terapia se fundamentaria na injeção de elementos bons no paciente, “bons” no sentido de elementos construtivos, com objetivo de reconstruir tal ego. Para a Teoria Motivacional, existe 5 etapas terapêuticas: a pré-contemplação (indivíduo quer mudar, mas não tem consciência para isso), a contemplação (ela começa a mudar, mas não tem compromisso), a decisão e ação (indivíduo tomou a decisão de mudar) e a manutenção (ações para garantir a efetividade da ação e da decisão). Já a Teoria Religiosa, enfoca na prevenção e no tratamento das drogas, com ações voltadas para a readaptação do indivíduo à sociedade. Por último temos a Teoria Comportamental, que acredita que o consumo de drogas é um fator operante, ou seja, o comportamento opera no ambiente, gerando certas consequências. Então, a terapia agiria de modo a mudar essas consequências. Entretanto, há uma outra visão dentro desta perspectiva, que acreditam no fator cognitivo como fundamental na terapia. Por exemplo, é melhor condicionar os adictos aos ambientes relativos à cocaína do que evitá-los, para que assim se possa desvincular de seu cognitivo estes elementos condicionantes ao uso de droga.

   Logo, esta primeira parte vem nos mostrar o quanto  fenômenos considerados como isolados, podem ser influenciados pelas interações entre os ambientes que nos rodeiam e, como tais ambientes podem ser condicionantes ao uso da droga, por exemplo. Mas o que se descobriu investigando os abstinentes de cocaína que você disse lá encima, Flávia? Estas são cenas do próximo capítulo, fiquem ligados.


Referência:Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.




quinta-feira, 14 de maio de 2015

E aí galera, tudo bem?


       

          Bom, hoje iremos falar de algo muito peculiar em nosso cotidiano e que eu e você, praticamos, até sem perceber! MAS O QUE SERÁ? É algo simples, que se chama ATRIBUIÇÕES! ATRIBUIR DE ATRIBUIR MESMO? Sim, é o que chamamos de Teoria Implícita da personalidade, ou seja atribuímos certas características à pessoas que apresentarem certos traços e comportamentos. EXEMPLO: Muitas vezes imaginamos que pessoas com certos óculos, chamados “julietes” e certas roupas características de “malandro” como bermudas e mizuno, são características de um criminoso, ou seja: FOGE QUE ELE VAI TE ROUBAR! Esse é um exemplo clássico de como percebemos as pessoas a nossa volta, ou vai dizer que você nunca julgou alguém como perigoso e/ou vulgar por vestir certa roupa?

        Esse vídeo mostra um pouco dos julgamentos que muitos de nós realizamos, como “skate é modinha”, “rosa é coisa de menina, que gay”, ou mesmo quando tentamos enquadrar as pessoas dentro de algum “estilo”.

        Entretanto, esses fenômenos podem gerar o preconceito e além disso, os estereótipos. MAS O QUE SÃO ESTEREÓTIPOS? Em uma definição simples, do dicionário,

Estereótipo são generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros. Estereótipo significa impressão sólida, e pode ser sobre a aparência, roupas, comportamento, cultura etc.

        Ou seja, são as crenças que temos a respeito de algum grupo. Quando somos citados lá fora como país das “mulheres gostosas” ou país “das bundas”, “das putas”, quando julgamos as culturas orientais como “macumbeiras”, quando dizemos que os países islamitas são “ultrapassados”, estamos criando estereótipos. Isso é muito sério, pois, as pessoas NÃO PODEM SER ROTULADAS! SIM, MAIS UMA VEZ ESSA IDEIA. Não é só enquadrar certas pessoas que tem características x em um grupo y, existem contextos distintos relacionados a cada uma delas.

        O exemplo mais comum e recorrente na nossa sociedade é dos negros. Muitas pessoas acreditavam (E ACREDITAM) que ser negro é sinônimo de ser inferior, pobre, feio e criminoso. ISSO É MUITO SÉRIO! Fiquei chocada ao ver o vídeo abaixo, onde crianças NEGRAS caracterizam duas bonecas, uma branca e uma negra, chegando a dizer que a boneca mal é a negra!


        Mas além disso, ao atribuir, sempre tendemos a definir a ação dos outros à fatores internos e as nossas à fatores externos. ESPERA, MAS O QUE SIGNIFICA ISSO? Vamos aos exemplos: quando alguém bate o carro, as pessoas tendem a dizer que a pessoa não foi atenciosa, que ela não tem coordenação motora e afins, enquanto que se fosse com elas próprias, diriam que foi o outro carro que entrou na frente e que foi qualquer coisa diferente delas. Isso é o que chamamos de TENDENCIOSIDADE AUTO-SERVIDORA. Isso também ocorreu na história, quando a URSS atacou a Hungria, os seus aliados disseram que foi uma tática defensiva e os inimigos, atribuíram a URSS, o título de nação perigosa.
                    

        Agora, outro ponto legal...COMO INFLUENCIAMOS AS PESSOAS? Segundo French e Raven, por intermédio de 6 poderes: o coercitivo (agressão), o de recompensa (se você fize, ganha algo), de referência (usar terceiros para convencer o influenciado), de conhecimento (mostrar a importância de obedecer), o legítimo (mostrar a legitimidade do influenciador) e o poder de informação (fazer a pessoa entender a situação para que ela se deixe influenciar). Esse último, é o melhor de todos, por não ter um efeito temporário e por fazer a pessoa conhecer a situação. Além disso, existem outras formas de influenciar, que aliás é muito interessante, e fazemos bastante. Observem o diálogo:

-Mariana, você deve parar de ficar fora de casa o dia todo, você não está dando atenção devida aos seus pais!
- Que isso, Sheila, eu dou atenção a eles e muita!
-É talvez eu esteja enganada, você é muito atenciosa...
-É, mas nem tanto, acho que às vezes falto nos momentos mais importantes.
-Que nada, deve ser impressão, seus pais sabem se cuidar!
-Bem, acho que não, um dia desses minha mãe caiu e eu não estava lá, talvez se eu não saísse tanto, poderia ter evitado.

       Observem que o objetivo inicial do influenciador (SHEILA) se concretizou depois, na fala de Mariana (INFLUENCIADA). Este é um exemplo clássico de influência por dissonância cognitiva.

       Agora, em nossa sociedade, convivemos com pessoas bem distintas de nós, que possuem atitudes sociais diferentes, ou seja gostam ou não gostam de algo. Sendo esse algo, partidos políticos, times, cor e qualquer outra coisa que se possa imaginar. Segundo teorias da psicologia social, as pessoas criam essas atitudes sociais pela relação entre um componente afetivo, cognitivo e comportamental. Ou seja, se eu sou Flamenguista (eu sou mesmo), eu uso meu cognitivo para justificar esse amor e me comporto de maneira que se falarem do meu time, eu não irei gostar. Todavia, nem todos possuem essa mesma relação, muitas pessoas dizem ser socialistas, justificam isso, mas se comportam de maneira contrária.

             

        E por fim, podemos perceber em nossa sociedade que muitas pessoas são agressivas e outras, manifestam o altruísmo. Mas por quê? Segundo a psicologia, a razão de atos agressivos está na aprendizagem recebida e fatores inerentes à situação, bem como problemas psicológicos e fatores externos (álcool, crime). E a raiz da ajuda vem da própria situação. VOCÊ JÁ PERCEBEU QUE AS PESSOAS AJUDAM MAIS QUANDO ESTÃO SOZINHAS? É sério, é porque quando há muita gente a responsabilidade pode ser jogada de mão em mão dificultado a atitude, já quando a pessoa está sozinha e só ela pode ajudar, aí sim vemos um simples gesto de altruísmo.

              

        O que tudo isso nos reflete é à nossa REALIDADE, mesmo que CRUEL. Convivemos e praticamos tais coisas todos os dias e esse é exatamente o papel da psicologia social: analisar o cotidiano, o real. Mas esse real nos traz uma reflexão muito profunda acerca de como percebemos o outro, de como é tão mais simples rotular as pessoas do que levar em conta a subjetividade de cada uma. Até quando as pessoas não vão entender que SOMOS DIFERENTES E QUE NÃO PODEMOS SER ROTULADOS? Fica a reflexão.



Referência: Rodrigues, A. (1992Psicologia social para principiantes: estudo da interação humanaRio de JaneiroVozes.

sábado, 9 de maio de 2015


                       



Oi pessoal, como vocês estão?

             Espero que bem, mas se não estiver tão bom assim, vai ficar pois o texto de hoje é realmente extraordinário, mas que mostra uma realidade que não é tão extraordinária assim. 

        Imaginem: ano de 1961, pós nazismo, pós holocausto, pós segunda guerra mundial e um pensamento vem à tona: o que levou milhares de pessoas a cometer tantas atrocidades? Começa então, a surgir questionamentos acerca da obediência a uma autoridade. Um homem, chamado Stanley Milgram, começa a se interessar pelo assunto, firmado na ideia de que a obediência está ligada às situações. Ou seja, dependendo da situação em que o indivíduo está inserido, ele pode perder seus valores e crenças em torno de uma ordem.
                                
                                                         
  






             E como um ser humano e psicólogo, quis estudar o assunto. Criou então uma máquina de choque, onde uma pessoa seria o aluno, que levaria choques a cada erro de memória e o outro seria o professor que daria os choques e realizaria o exercício. À princípio ele quis estudar a desobediência, pois era fato que ele acreditava que as pessoas não dariam choques nas pessoas. MAS AÍ MORA O ENGANO: o teste se tornou um teste de obediência!
        








           



        Mas como se deu o teste? Bom, muitas pessoas participaram do tal teste, motivadas por uma quantia em dinheiro. Funcionava assim: a pessoa sempre seria o professor e o aluno, um ator que fingiria dor. Os resultados foram reveladores para a sociedade e para os especialistas que antes do experimento diziam que as pessoas não passariam dos 115 volts, desobedecendo a ordem. Entretanto, 65% das pessoas que participaram OBEDECERAM a ponto de machucar letalmente alguém.

        Stanley era espontâneo e divertido, confesso que fiquei surpreso ao saber de alguns experimentos que ele fez. Por exemplo, sabia que ele fez um teste de entrar na frente de alguém na fila e ver o que aconteceria? Ele é realmente hilário! Mas voltando ao texto, Milgram não ficou muito satisfeito, pois haviam os 35% que desafiaram. Ou seja, a situação não explicava tudo. Entretanto, estudar a personalidade não deu muitos resultados, além de saber que os obedientes eram menos próximos de seus pais e tinham sofrido pouca punição enquanto que os desafiadores tiveram árduas punições.

        E aí, a autora do texto decide então, investigar isso a fundo. Consegue o contato de um dos desafiadores e marca uma conversa. O homem afirma que parou em 150 volts porque estava preocupado com o seu coração, mas em um outro momento acabou obedecendo Milgram ao não denunciar o experimento à polícia. Além disso, o que foi percebido é que este homem desobedeceu no experimento mas obedecia na vida, pois participou da segunda guerra e nem sabe se já matou alguém.

        Ela não achou suficiente. Buscou um obediente do experimento de Milgram. Encontrou um homossexual, que obedeceu no experimento, mas utilizou esse para se tornar um desobediente e começar a questionar as autoridades vigentes. ESPERA AÍ, então no experimento as pessoas são uma coisa e na vida outra? É isso aí, ele serviu a cada um de uma forma peculiar. E é nisso que a autora acredita, mas que infelizmente não pode tirar conclusões sobre a relação entre personalidade e obediência, mas em parte provou que pode haver alguma relação entre ambos.


        O mais interessante de tudo isso é perceber que a obediência nos cerca. Não é somente no holocausto ou no período nazista que as pessoas obedeceram. Elas obedecem hoje. Estão obedecendo agora. Inclusive eu e você já obedecemos ou estamos obedecendo. Mas por que? Qual a razão de tamanha servidão voluntária? Nem eu, nem você, nem o Milgram e nem La Boétie sabemos. O que nos resta é questionar e ficar atentos às instituições autoritárias que nos cercam. 

                          Experimento de Milgram

Referência: Stanley Milgram e a Obediencia à Autoridade;

sábado, 2 de maio de 2015

                 A comparação como método de ensino:
                              Os rótulos da educação



                   Olá galera, tudo bem?
        Hoje irei falar de algo muito importante que eu e você vivenciamos todos os dias e muitas vezes, nunca pensamos a respeito. É óbvio que todo mundo já teve contato com a escola uma vez na vida, já estudou, se formou e foi a faculdade. E em todos esses momentos você e eu fomos avaliados pelo ensino tradicional baseado em uma curva. O QUÊ? UMA CURVA? Sim, uma curva chamada de distribuição normal ou gaussiana, que é mais ou menos assim:
                            

"O gráfico mostra uma distribuição normal rigorosamente simétrica. No centro da distribuição, coincidem média, mediana e moda. Uma curva de distribuição normal (ou Curva de Gauss) tem como característica englobar 99,73% das ocorrências no intervalo compreendido entre a média e ± 3 desvios padrão, conforme detalhado no mesmo gráfico".


Como vocês podem ver, a curva de distribuição normal concentra 99,73% das frequências, que no caso vamos considerar como notas. Ou seja, você tem a sua nota final de uma disciplina x colocada nessa distribuição e após todas as notas dos outros alunos serem colocadas também, você é avaliado em comparação com a média dessas notas. OK, MAS ONDE ESTÁ A PARTE RUIM? Essa é a parte ruim meus amigos, esse método baseado em “norma” esconde a verdadeira realidade. Por exemplo, ele não garante que quem esteja acima de média realmente aprendeu algo, além de analisar só um tópico da matéria! Ou seja, não há preocupação com a aprendizagem, não há interesse em saber se realmente o aluno aprendeu, se ele tá na MÉDIA ele é um aluno MEDIANO, se ele está acima dela ele é um aluno BOM. Agora, você não se assustaria se eu te dissesse que a sua vida inteira, assim como a minha, fomos avaliados assim e eu, particularmente, continuo sendo.

Agora pense comigo, que relação há entre esse método e o determinismo? SIMPLESMENTE TUDO! O método da distribuição normal, reduz as pessoas à notas, à gráficos, sem levar em conta suas individualidades e subjetividades. Além disso ela utiliza rótulos para classificar os alunos: BOM, MÉDIO E RUIM. Mas será que não existe algum outro método que possa levar em conta a VARIÂNCIA do ser humano meu Deus? Existe sim e não é só um. O método baseado em critérios abrange todas as partes da matéria e o aluno não é avaliado em comparação aos outros, mas sim em relação aos objetivos previamente estabelecidos. Algo essencial nesse critério é a não estipulação de tempo, tendo em vista que cada um tem o seu, bem como a utilização de materiais instrutivos e bem elaborados.

Esse método foi testado em uma escola pelo Departamento de Ensino e Ciência da UNESCO em uma escola, onde as crianças foram avaliados em física sem a estipulação temporal e com materiais de boa qualidade. Os resultados foram surpreendentes: AO INVÉS DE UMA CURVA DE DISTRIBUIÇÃO NORMAL, OS PESQUISADORES ENCONTRARAM UMA CURVA DE CONCENTRAÇÃO ENTRE AS NOTAS 9 E 10! Será então o tempo o problema dos métodos educativos tradicionais? Com certeza, estipular um tempo único para todos é não leva em conta a diferença entre os alunos, alterando seus desempenhos. Isso mede quem aprende mais dentro de um tempo e não quem realmente aprendeu sobre o assunto.
 
Esse vídeo apesar de não ser o melhor exemplo, mostra como a professora leva em conta a variância dos alunos, falando na mesma linguagem que eles.

No segundo texto lido, este último método baseado em critério foi testado. Alunos de odontologia fizeram um teste de limpeza bucal com alunos de um curso profissionalizantes, onde a técnica programada e individualizada foi utilizada. As características essenciais desta técnica é a possibilidade do aluno seguir seu ritmo próprio, exigência de resposta ativa e de feedback dos alunos e a aprendizagem dividida em unidades. Os resultados foram MUITOS ALUNOS APROVADOS E MUITAS NOTAS BOAS. Além disso eles conseguiram fazer com que 63,3% dos pacientes tivessem seus índices de limpeza bucal aumentados, além deles terem executado todos os procedimentos explicados pelos odontólogos.
  Para deixar mais claro, não existe só o método de critério que é bom, existe diversos outros que levam em conta a individualidade dos alunos, como o método montessoriano, explanado no vídeo abaixo.
 
Método Montessoriano


Será que ainda há dúvida sobre o método de critério? Por que insistir em comparar cada um aos outros ao invés de ressaltar a variância dos indivíduos? As escola tem tantas opções de métodos, por que não melhorar? Talvez, como eu, você nunca tenha pensado nisso, nessa triste realidade do ensino tradicional, onde a comparação é o critério de aprendizagem. 
                 









Referência: Dib, C.Z. (2002) Afinal, o que você efetivamente mede quando sua avaliação é referenciada pela distribuição normal? Boletim informativo do instituto de Física da USP. http://www.if.usp.br/bifusp/bifold/bif0218.html; Moraes, A. B. A. ; Vieira, R. C. ; Valvano, M. . (1981) Aplicação de um curso programado e individualizado na Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Revista da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas, 35, 498-508.